“Trata-se de um edifício interessantíssimo tanto do ponto de vista histórico, como arquitetônico, de caráter apalaçado. É tradição que seu traço e cantarias vieram trazidas de Portugal.” – Mário de Andrade
Além das belezas naturais, Ubatuba guarda um pedaço significativo da História do Brasil, e existe um lugar para ser visitado que transpira um passado de prosperidade e glória de uma cidade que já abrigou o porto mais importante do país. O Sobradão do Porto é o único casarão que restou dos áureos tempos do café na segunda metade do século XIX em Ubatuba.
Oferecia espaço para exposições de arte, artesanato, fotografia, além de oficinas culturais, cursos e concursos que incentivavam a produção artística, o resgate e valorização da cultura caiçara e suas tradições até o ano de 2018, atualmente o Sobradão encontra-se fechado para manutenção e restauro. Principal patrimônio histórico de Ubatuba, o Sobradão do Porto está localizado na Praça Anchieta, nº 38, no início da Rua Balthazar Fortes, no centro da cidade.
O prédio composto por dois andares superiores era de fato uma arquitetura inovadora. O primeiro pavimento servia como um rústico armazém, onde se guardavam e negociavam toda a mercadoria de sacas de café, algodão, fumo, cana-de-açúcar e aguardente que circulavam na época, tanto produzida em Ubatuba como em toda região do Vale do Paraíba. Já o segundo andar foi utilizado como residência por sua numerosa família.
Baltazar faleceu por volta de 1874 e deixou o Sobradão para uma de suas seis filhas, Dona Benedita Fortes Costa, que manteve a majestade do prédio até mesmo durante o período de decadência econômica da cidade, quando o Porto de Ubatuba foi desviado para Santos, com a construção da estrada de ferro que interligou São Paulo ao Rio de Janeiro ao longo do Vale do Paraíba. Neste período muitos casarões da elite local foram abandonados. Com o tempo, praticamente todos ruíram ou foram demolidos, com exceção do Sobradão do Porto, que em 1926 passou a abrigar o Hotel e Restaurante Budapest.
Dois anos depois, o edifício foi vendido pelo herdeiro Oscar Costa à Companhia Taubaté Industrial – CTI, de Félix Guisard. Data dessa época o maior número de alterações sofridas no edifício e na área vizinha, onde foram construídas pequenas casas, que serviam de Colônia de Férias aos funcionários da CTI.