Publicado em: 12 de fevereiro de 2020
Fase 1 do projeto deve ser concluída até o final de fevereiro
O prefeito de Ubatuba, Délcio José Sato (PSD), realizou na manhã da segunda-feira, 10, uma visita orientada às obras de restauro do Sobradão do Porto, edifício histórico datado de 1846 e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
A atual etapa do projeto de conservação e restauro do Sobradão, prevista para concluir até o final de fevereiro, diz respeito à recuperação da fachada externa do edifício frontal e lateral, incluindo portas, janelas e pintura externa. Ela vem sendo feita pela Emdurb, sob orientação do arquiteto Milton Nishida e do restaurador, Carlos Barbosa, responsável pela recuperação das peças de madeiras, como esquadrias e batentes.
Para execução do restauro externo, a equipe teve que escorar a estrutura do teto tanto do primeiro quanto do segundo andar, bastante precária devido à presença de cupins que atacam o piso, as colunas e as vigas de sustentação.
O restauro das madeiras envolveu a retirada de cada folha de portas e janelas, o mapeamento e a marcação do vão ao qual cada peça pertence e a imunização para eliminação de cupins e outros xilófagos (animais que devoram a madeira).
Outra etapa foi a prospecção pictórica, isto é, o estudo para identificar quais as cores originais do Sobradão do Porto. Essa pesquisa levou à descoberta de que as partes lisas da fachada e seus ornamentos eram rosados, com base ocre, e a parte de madeira, em verde. Porém, com o passar das décadas e as diferentes mudanças feitas no edifício por diferentes proprietários, a cor original foi sendo substituída pelo branco. As tintas a serem utilizadas na pintura dos elementos da fachada são à base de óleo mineral e já foram encomendadas pela Emdurb.
Camila Marujo destacou que a FundArt busca recursos com diversas fontes para fazer o projeto de restauro da parte interna e estrutural do Sobradão do Porto. Enquanto isso não for feito, o edifício não poderá ser utilizado, para que ele não seja comprometido ainda mais.
Além disso, conforme informação apresentada ao Conselho Deliberativo e ao grupo setorial de História e Geografia, há poucos artefatos e objetos históricos que restam do casarão original. Entre eles, dois vasos se encontram na sede administrativa da FundArt. “Para que cada um desses objetos seja restaurado, é preciso realizar um projeto individual de restauro”, explicou Marujo. Outros artefatos, como estátuas da fachada, desapareceram há muitos anos, conforme demonstram boletins de ocorrência feitos na época.
O prefeito Sato destacou a importância do resgaste do patrimônio histórico do município. “Ubatuba é referência não apenas de praia, mas também por nossa cultura e história. É preciso agirmos na perspectiva da Educação e da compreensão de que esse é um trabalho demorado, mas que trará resultados muito importantes para a cidade”.
Breve histórico do Sobradão
O Sobradão pertencia ao armador português Manoel Baltazar da Cunha Fortes, que chegou ao Brasil em 1808 e iniciou sua construção em 1846. O primeiro pavimento servia como um rústico armazém, onde se guardavam e negociavam toda a mercadoria de sacas de café, algodão, fumo, cana-de-açúcar.
Com a decadência econômica de Ubatuba após a transferência do porto para a cidade de Santos e a construção da ferrovia que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro, muitos casarões da elite local foram abandonados. O Sobradão se preservou graças ao esforço de uma das filhas de Fortes, dona Benedita Fortes Costa.
Com o tempo, praticamente todos ruíram ou foram demolidos, com exceção do Sobradão do Porto que, em 1926, passou a abrigar o Hotel e Restaurante Budapest. Dois anos depois, o edifício foi vendido pelo herdeiro Oscar Costa à Companhia Taubaté Industrial – CTI, de Félix Guisard.
Em 1959, o Sobradão do Porto foi tombado pela Secretaria do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Arquitetônico Nacional – SPHAAN. Mais tarde o valor Histórico e Arquitetônico do Sobradão do Porto também foi reconhecido com o tombamento pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo – CONDPHAAT.
Em 1981, o edifício foi desapropriado pela Prefeitura Municipal e, em 1987, tornou-se a sede administrativa da FundArt. Em 2005, a administração da FundArt desocupou as dependências do andar superior do Sobradão, devido ao precário estado de sua estrutura. Em 2007 o contato com o IPHAN resultou na elaboração de um projeto de completo restauro –aprovado em 2009, iniciando-se a fase de captação de recursos, somente conseguidos a partir de 2015.
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Fonte: Secretaria de Comunicação / PMU