Projeto TAMAR exibe documentário sobre mulheres atingidas por barragens e realiza oficina de Arpillera

Publicado em: 4 de julho de 2018

No dia 06 julho, às 20h, o Projeto TAMAR Ubatuba-SP exibe o documentário “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”, idealizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens – MAP, e dirigido pelas próprias mulheres atingidas, personagens retratadas no filme.

Após três anos de produção, o longa-metragem “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência” chega às telas dos cinemas. O filme foi viabilizado por meio da plataforma de financiamento coletivo “Catarse”, no ano de 2015, e é uma produção do Movimento dos Atingidos por Barragens. O MAB, como é popularmente conhecido, atua há 26 anos para garantir os direitos de pessoas impactadas com a construção de barragens no Brasil.

Dentro desse segmento social, as mulheres são as que mais sofrem com as violações de direitos humanos. Com a chegada de milhares de operários nos pequenos municípios que abrigam os canteiros de obras, por exemplo, há um aumento exponencial dos casos de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro. Para mostrar essa realidade, o documentário entrelaça a história individual e coletiva de 10 atingidas espalhadas pelas cinco regiões do Brasil.

A partir da experiência de cada personagem, o filme aborda a problemática da hidrelétrica de Belo Monte, que atingiu aproximadamente 40 mil pessoas em Altamira (PA); a barragem de rejeitos de Fundão, que se rompeu em novembro de 2015 e causou a morte de 19 pessoas em Mariana (MG); a barragem do Castanhão, que canaliza água para a região metropolitana de Fortaleza (CE); a hidrelétrica de Itá (RS), idealizada no período da ditadura militar; e as hidrelétricas de Cana Brava e Serra da Mesa, ambas localizadas em Goiás.

Arpillera: bordado como ferramenta política

O fio condutor da narrativa fica por conta de um bordado denominado de “arpillera”. Essa técnica surgiu no início do século passado em Isla Negra, no Chile, quando as mulheres começaram a utilizar a juta de sacos de batata para criar histórias costuradas. De uma ocupação para gerar renda, as arpilleras ganharam mais potência durante o período da ditadura militar [1973-1990].

Nas periferias de Santiago, as mulheres começaram a costurar denúncias com pedaços das roupas de seus parentes, desaparecidos pelas forças de repressão comandadas pelo ditador Augusto Pinochet. Entre a juta, elas escondiam cartas que descreviam a situação política no país.

Inspiradas nesse exemplo histórico, o MAB iniciou em 2013 um trabalho com as atingidas por barragens. Foram mais de 150 oficinas desde então, com o intuito de fortalecer a auto-organização das mulheres e criar um amplo levantamento das violações que ocorrem na construção de barragens no Brasil.

No documentário, uma arpillera com o contorno do mapa do Brasil une as personagens de Norte à Sul do país, criando um mosaico multifacetado de histórias de luta e resistência que se completam. São mulheres que perderam suas casas e memórias alagadas pelos lagos das barragens.

 

Bate-papo

Após do filme, Esther Vital Garcia Conti, que tem acompanhado o trabalho das mulheres do MAB, estará disponível para responder perguntas e contar sobre o processo de produção do filme, discutir sobre as problemáticas sociais e ambientais que o filme apresenta e apresentar as formas e linguagens que as populações atingidas do Brasil, e principalmente as mulheres, têm desenvolvido para defender os seus direitos.

 

Oficina de Arpillera

No dia 07 de julho, acontecerá uma oficina de Arpilleras, às 16h, no TAMAR, realizada por Esther Vital García Conti. Esther é doutoranda pela Universidade do País Vasco (Espanha), Psicóloga e mestre em transformação de conflitos pela Universidade de Dublin. Desde 2008, trabalha pesquisando e promovendo processos de documentação e empoderamento através da técnica têxtil popular chilena chamada Arpilleras.

Esther tem desenhado e coordenado programas pedagógicos com mulheres vítimas de problemáticas e violências diversas, como a União de Comitês de Mulheres Palestinas, em Cisjordânia (2009) ou Mujeres del Mundo, imigrantes em Bilbao, Espanha (2010). Desde 2013, acompanha o Coletivo Nacional de Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens na construção de um programa de formação de defensoras de direitos humanos que usa as Arpilleras como metodologia de educação popular feminista.

Desde o início, o TAMAR trabalha junto às comunidades litorâneas para proteger as tartarugas marinhas e tem diversas iniciativas de valorização cultural, inserção social e educação ambiental nas diferentes praias onde atua. Atividades de reflexão e rodas de conversas são sempre estimuladas para a ampliação dos horizontes de informações nas comunidades. A entrada é gratuita.

O Projeto TAMAR começou em 1980 a proteger as tartarugas marinhas no Brasil. A Petrobras é a patrocinadora oficial do TAMAR, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A Fundação Pró-TAMAR é a principal executora das ações do PAN – Plano Nacional de Ação para a Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil do ICMBio/MMA. O TAMAR trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no país, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 26 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.  Em Ubatuba, recebe o apoio da Prefeitura Municipal. Visite www.tamar.org.br

 

SERVIÇO:

Local: Projeto Tamar UBATUBA

Rua Antonio Athanásio, 273 – Itaguá

Tel.: (12) 3832 6202 | 3832 7014

Data: 06 de julho (20h) | 07 de julho (16h)

Entrada gratuita para o documentário e oficina*

*Para a oficina de Arpillera, é necessário agendamento prévio por telefone (vagas limitadas)

 

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