Publicado em: 24 de agosto de 2017
Especialista em culinária explicou que a compreensão que temos da culinária caiçara tem referências dos últimos 100 anos
Quando estamos diante de uma comida que cheira bem, que somente pela composição visual já nos chama a atenção, temos o costume cultural de dizer: “fiquei com água na boca”.
Tudo indica que essa fala tão brasileira vai se repetir várias vezes no decorrer do 12° Festival de Cultura Popular – Caiçarada, que acontece nos dias 25, 26 e 27 de agosto, na Companhia Municipal de Turismo de Ubatuba (Comtur), praia do Perequê-Açú.
Haverá diversas barracas em vários pontos do Festival, sendo que alguns alimentos serão: pastéis com um toque caiçara, bolinhos caiçaras, tainha assada, bolinhos de arraia e a famosa e requisitada culinária quilombola.
Para quem não quer perder o hábito de um bom churrasquinho, as barracas também proporcionarão esta alimentação. Aliás, as bebidas serão um complemento deste delicioso cardápio gastronômico. As caipirinhas e batidas de frutas podem ser boas opções.
Culinária
Especialista em culinária, Heyttor Barsalini diz que aquilo que compreendemos atualmente como culinária caiçara tem múltiplas ligações com referências dos últimos 100 anos na cidade de Ubatuba.
Em suas palavras, ele explicou que a tainha assada, os bolinhos caiçaras – quando preparados à base de mandioca macerada e recheados com carne seca ou frutos do mar – e os bolinhos de arraia representam a tradição.
Sobre a culinária quilombola, o especialista salientou detalhes. “Os destaques mais comuns são para o Bolinho de Taioba, vale notar que foi a única folhagem que se registrou que os Tupinambás consumiam, e a Salada Quilombola, feita com o coração da bananeira. Ambas receitas resgatadas pelas referidas comunidades de descendentes dos antigos africanos, em Ubatuba”.
História
Antes do início do século 20, faziam parte da tradição alimentar local, uma série de ingredientes, que na contemporaneidade estão desconsiderados como tradicionais: arroz vermelho, feijão guandu, cará moela, uma diversidade de carnes de aves e mamíferos caçados na Mata Atlântica.
Segundo Heyttor Barsalini, o pastel – que se inseriu no nosso cotidiano – traz uma influência mais recende, que é a introdução da farinha de trigo.
“A Farinha de Trigo, amplamente difundida a partir da segunda metade do século 20, pela indústria alimentícia e que, gradativamente, ganhou o gosto do caiçara e espaço em sua alimentação cotidiana, inclusive substituindo em quantidade, o consumo da farinha de mandioca”.
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